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Hugo Soares alertou, no debate quinzenal com o primeiro-ministro, que Portugal está a crescer pouco. Desafiou António Costa a pronunciar-se sobre o trabalho extraordinário, as alegadas adoções ilegais e o impacto da solução dos lesados do BES junto dos contribuintes
“O Governo tem revelado uma ambição poucochinha, talvez agrilhoada ao PCP e ao BE, de um Portugal que cresce pouco”, afirmou esta quarta-feira Hugo Soares, no debate quinzenal com o primeiro-ministro. Segundo salientou, o primeiro-ministro “faz um grande alarido porque Portugal cresce 2,7%”, quando outros países, que passaram por programas semelhantes, crescem mais.
O líder parlamentar assinalou que o Executivo “tem aproveitado uma conjuntura externa altamente favorável”. Contudo, e apesar de António Costa se “vangloriar dos números”, “em 27 países só estamos à frente de sete na União Europeia” e, “em 19 na zona euro, estamos atrás de 13 países”.
Trabalho extraordinário: PSD desafia Governo a explicar despacho
Hugo Soares regressou ao tema da legislação laboral, destacando que PS, PCP e BE parecem estar “apostados em desfazer a legislação laboral que tanto tem contribuído para o crescimento do emprego e para a descida do desemprego”. Acusando PCP e BE de promover “uma luta de poder” no que se refere à Autoeuropa, questionou António Costa sobre o trabalho extraordinário.
“Considera que deve haver limites morais e éticos ao trabalho extraordinário?”, perguntou Hugo Soares, desafiando o primeiro-ministro a responder se concorda “com o que está na lei”. Destacando que se trata de “uma questão de fundo da legislação laboral”, insistiu na questão para, em virtude da inexistência de uma resposta, denunciar: “o seu governo acaba de publicar um despacho que autoriza que trabalhadores possam trabalhar cinco meses mais num ano do que aquilo que é normal, fazendo 850 horas de trabalho extraordinário no porto de Lisboa”. Desafiou, assim, António Costa a explicar “o que está por detrás do despacho do ministro Vieira da Silva e da ministra do Mar”.
O debate quinzenal desta quarta-feira abordou a temática “Economia, Inovação e Conhecimento”. Hugo Soares lembrou as “seis propostas do PSD que estão em especialidade na comissão”, saudou a iniciativa do Governo “de um roteiro para a inovação” e recordou que o PSD está a trabalhar esta matéria “há dois meses”, através do roteiro “Valorização do Conhecimento”.
Adoções ilegais: “Assunto tem merecido, por parte do Governo, um silêncio ensurdecedor”
O presidente do grupo parlamentar social-democrata levou, também, a debate as alegadas adopções ilegais noticiadas por uma estação televisiva. Disse tratar-se de “um assunto que tem merecido, por parte do Governo, um silêncio ensurdecedor”. “Se há matérias em que o Estado não pode falhar é em proteger os mais frágeis e, exponencialmente, as crianças que estão à sua guarda”, acrescentou, perguntando se “foi determinada alguma auditoria ou inquérito aos serviços da Segurança Social” e “que acompanhamento é que se está a fazer àquelas mães”.
BES: PSD alerta para risco de contribuintes virem a pagar "fatura”
António Costa foi, ainda, desafiado a pronunciar-se sobre a solução encontrada para os lesados do BES. “Mantém a tese de que os contribuintes não têm fatura a pagar?”, perguntou o presidente da bancada do PSD para, após resposta do primeiro-ministro, o acusar de se contradizer, na medida em que “por um lado garante que [os portugueses] não pagarão a fatura”, mas “por outro diz que há um risco”. Para Hugo Soares, “é dentro desse risco que está a fatura que os contribuintes vão pagar”.
O líder parlamentar terminou a sua intervenção destacando que “o País está muito habituado a que o PS deixe para a frente faturas para os outros pagarem”. Referiu que o atual Executivo “está a fazer o mesmo agora com as faturas que está a acumular no setor da saúde, com a falta de investimento e, sobretudo, com o adiamento constante das reformas estruturais de que o País precisa”. Assinalou que António Costa voltou a não “responder às perguntas que lhe foram formuladas” e acusou-o de se esconder “atrás da demagogia política”.