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Francisco Sá Carneiro deixou-nos de forma trágica, há 38 anos, e em resultado desta brutal ocorrência foram adiados ou mesmo suprimidos muitos dos projetos pelos quais lutou de forma enérgica, como grande e corajoso estadista, cuja ação continua a ser um exemplo de serviço à causa pública para todos nós.
Mas os princípios que defendeu estão bem vivos e mantêm total atualidade.
A sua opção de vida pela política nunca deixou ninguém indiferente fosse ou não defensor dos mesmos ideais que eram os seus e que conseguiram com o seu exemplo, energia e capacidade de liderança, arrastar multidões.
Com o início da democratização do País e a experiência anteriormente adquirida na Ala Liberal conjuntamente, entre outros, com Francisco Pinto Balsemão, João Bosco Mota Amaral, José Pedro Pinto Leite, Joaquim Magalhães Mota e Miller Guerra iniciou, com alguns destes deputados da designada Ala Liberal, um percurso que levou à criação do PPD, tendo sido como seu Presidente, protagonista de alguns dos momentos mais delicados e difíceis da nossa história recente mas sempre com a preocupação de liderar na defesa do primado do interesse geral sobre todos os outros, promovendo a reforma da sociedade civil e com isto contribuir para a construção e consolidação de uma democracia de modelo europeu, assente numa economia de mercado e não sufocada por interesses estatizantes nem limitada por questões meramente pessoais, construída na base dos princípios da social-democracia que intransigentemente defendeu.
As novas gerações, nascidas após 1970, talvez não tenham ainda a perceção aprofundada do que representou Francisco Sá Carneiro no período pós 1974 e até ao seu trágico desaparecimento, em resultado de não terem vivido essa epopeia.
Mas uma coisa é certa, o seu pensamento e os princípios que sempre defendeu, com uma coerência notável, continuam hoje a ser plenamente válidos e justificariam que sobre eles se refletisse à luz dos novos desafios com que a sociedade hoje se confronta e seria adequado que pudéssemos todos interpretá-los e levar muitos deles à pratica, por forma a que nós e as gerações que nos sucederão possam deles beneficiar, assegurando uma qualidade de vida socialmente mais justa e mais atenta aos mais desfavorecidos, conforme os princípios que a social democracia nos recomenda que fizéssemos.
Assim, o legado de Francisco Sá Carneiro, que continua atual, é de tal modo importante que justificará que sobre ele se não deixe de ter em conta que o exercício da política é um serviço ao País e sublinhar bem um dos seus princípios, que cito, “SEM MELHORIA DAS CONDIÇÔES DOS PORTUGUESES, NÃO HÁ POLÍTICA QUE VALHA A PENA”.
Luís Alves Monteiro
Presidente do Instituto Francisco Sá Carneiro