Interior também é Portugal

5 de dezembro de 2018
PSD

Portugal é, cada vez mais, um país profundamente desigual, entre um interior cada vez mais despovoado, envelhecido e abandonado, em contraponto a duas áreas metropolitanas cada vez mais populosas, concêntricas e ricas.

Hoje temos densidades populacionais nas áreas metropolitanas mil vezes superiores à de muitos municípios do Interior.

O distrito de Castelo Branco ocupa hoje, no “ranking” do despovoamento, os três primeiros lugares e no do envelhecimento os 4 primeiros, onde a “ratio” de idosos vai de 600 a 800 idosos por 100 jovens até aos 15 anos.

Um distrito que em 2010 tinha inscritos cerca de 30000 alunos nos ensinos básico e secundário.

Hoje, sete anos depois, tem apenas 20000 alunos.

Já imaginaram que se este ritmo se mantiver, dentro de 14 anos, no limite, não haverá uma só escola aberta no distrito de Castelo Branco?

Este panorama dramático de abandono do nosso país não é exclusivo do meu Distrito, antes é generalizado a todo o interior e até já regiões do litoral sofrem destas consequências.

Em suma 3/4 do território está em despovoamento acelerado.

Hoje em dia, depois de o Estado ter desertado do interior, chegou a vez do encerramento dos serviços de interesse público, como sejam os serviços bancários, correios, seguros, transportes e outros.

Hoje assistimos ao encerramento de estacoes dos CTT nas sedes dos municípios, de uma forma generalizada, a saber Manteigas, Meda, Belmonte, Fornos de Algodres, Figueira de Castelo Rodrigo, Proença-a-Nova, Vila Velha de Ródão e Vila de Rei, só para falar da Beira Interior.

E eu pergunto:  como é isto possível sem que não se faça nada? Que Pais é este que estamos a legar aos nossos vindouros? Que futuro há para cerca de 80 % do nosso território?

Face a este dramático panorama, temos um governo que jura a pés juntos a sua preocupação pelo interior e diz que quer inverter esta situação...

Começou por criar uma unidade de missão que foi um rotundo fracasso, para depois a transformar num gabinete de reflorestação na sequência dos incêndios de Pedrógão, para agora a ter convertido numa secretaria de estado a sediar em Castelo Branco.

Pois bem, aqui deixo o desafio: se a criação desta secretaria de Estado não é só para inglês ver, então que acabe imediatamente com o encerramento das estações de correios e de outros serviços de interesse público, nas sedes dos municípios do interior.

Porque acredito que é uma vergonha que os correios de Portugal não tenham pelo menos uma estação, em cada um dos nossos concelhos, onde assegurem serviços postais de proximidade e qualidade, sobretudo, nas regiões mais pobres e desfavorecidas e em que os idosos possam continuar a levantar o vale da sua pensão!

Gostaria de acreditar que este organismo do governo não passe de uma simples promoção de uma inutilidade e seja o último ato de uma triste, enganadora e confrangedora peça de teatro, levada a cabo por este governo, que adora as encenações do faz de conta, da conversa fiada, da propaganda, e das lágrimas de crocodilo.

Em boa verdade para este governo o interior não é uma prioridade. Nunca o foi. Tentou sempre iludir esta questão com anúncios, medidas avulsas e piedosas intenções.

Para nós, o interior não é para fechar, antes deve ser um desígnio nacional e uma causa que a todos deve unir, convocar e responsabilizar.

Precisamos de aprovar o estatuto dos territórios de baixa densidade, que enquadre as medidas de apoio e proteção às regiões mais desfavorecidas, que valide e dê cobertura política e jurídica a todas as medidas de diferenciação.

Se porventura já tivéssemos aprovado a iniciativa apresentada pelo PSD nesta legislatura, seguramente que não estaríamos a lamentar os inúmeros encerramentos de serviços de interesse público, e não precisaríamos de ter a bênção da comissão europeia para tratar fiscalmente de forma diferente o que é diferente, tal como acontece com as regiões autónomas dos Açores e da Madeira.

Não precisamos de mais estudos, diagnósticos e comissões.

Precisamos, sim, de um plano de ação, que promova estratégias orientadas para o desenvolvimento integrado destas regiões, com medidas profundas e arrojadas, conjugando um estatuto fiscal amigo do interior, com o investimento e o emprego e aposte na desconcentração e descentralização

O PSD continuará a pugnar por esse grande objetivo, por esse desígnio nacional.

Porque, para nós, o interior também é Portugal.

 

Manuel Frexes

Presidente da Comissão Política Distrital do PSD Castelo Branco