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O destino dos povos depende também das escolhas dos seus líderes perante ameaças e oportunidades especiais. Portugal respondeu bem à ameaça de sovietização da revolução (1975), à oportunidade da adesão europeia (1985-1995) e à bancarrota socialista de 2011. Pelo contrário, desperdiçou a oportunidade do euro e fez de 2000 a década perdida, com um dos piores crescimentos do mundo.
Infelizmente, estamos de novo a desperdiçar uma oportunidade única e irrepetível, outra vez pela mão do eleitoralismo socialista (com António Costa). Com o OE 2019, vamos para quatro anos sem reformas estruturais, sem medidas para a criação sustentável de riqueza e a desperdiçar uma conjuntura favorável, quando já se adensam nuvens de incerteza na Europa e no mundo… e Portugal continua com uma das dívidas mais elevadas do mundo.
Ao jeito 2009 e 1999, este é um orçamento que gasta as receitas da conjuntura em redistribuições eleitoralistas, que agravam com rigidez a despesa pública (+ 2.500 milhões de euros) e a dívida pública.
Este OE é mais uma oportunidade perdida, porque: (1) abranda a economia, deixando o país na cauda da Europa e a crescer menos que os seus competidores; (2) é um vazio castigador para a competitividade e para as empresas, sobretudo as que exportam, investem e geram resultados positivos; (3) a carga fiscal sobe para máximos de sempre, acrescentado aumentos de impostos ao reiterado incumprimento da promessa de eliminar o aumento do imposto dos combustíveis; (4) não faz praticamente nenhuma consolidação orçamental, na fase ainda positiva do ciclo económico, vivendo de efeitos pontuais nos juros e dividendos do Bando de Portugal e CGD; e (5) não se vislumbram reformas estruturais, nem o prometido “exercício de revisão da despesa pública”, que são compensados pelo continuado corte doloroso no investimento público.
Este OE 2019 mostra como PS, PCP e BE são cada vez mais iguais, como o socialismo de sempre: o que interessa é a eleição que dá poder, e a satisfação de curto prazo que dá os votos nessa eleição. É pena. Podiam não repetir!
Artigo de António Leitão Amaro, Vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD, publicado n'O Jornal Económico, a 17 de outubro de 2018