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O PSD defende que o Governo deve assumir as responsabilidades e, consecutivamente, pedir desculpa pelas falhas do Estado, nos incêndios de junho
“Foram as escolhas, as opções, o seu desrespeito por boas práticas e normas consolidadas, o seu desnorte, a sua falta de liderança, quando ela era mais precisa, que potenciaram a catástrofe que se abateu e vitimou aquelas pessoas e as suas comunidades”, acusou Luís Marques Guedes ao dirigir-se, esta sexta-feira, à ministra da Administração Interna. O relatório da Comissão Técnica Independente foi a discussão, em reunião plenária, por iniciativa do PSD, tendo o deputado social-democrata deixado bem claro: “aquilo que, agora, nos deve mobilizar sem reservas é a humildade na assunção de responsabilidades seja operacionais, seja políticas”.
Luís Marques Guedes desafiou o primeiro-ministro a “determinar a extensão e as necessárias consequências das responsabilidades” e a concretizar um tardio, mas “incontornável pedido de desculpas em nome do Estado a todos a quem falhou”. Segundo salientou, “conhecido este relatório, o tempo da lei da rolha, do silenciamento, da indignação, do sacudir a água do capote esgotou-se, não há mais espaço para adiar ou fugir à assunção de responsabilidades e para delas ter a hombridade de extrair as devidas consequências”.
Indemnizações: PSD desafia partidos a “emendarem a mão”
Considerando que “está no âmbito das competências da Assembleia legislar para que a reparação devida comece a ser uma realidade para as vítimas”, o PSD requereu “a avocação a plenário da votação dos artigos que a maioria entendeu rejeitar em comissão”. Luís Marques Guedes referia-se ao mecanismo extrajudicial para indemnização, tendo interpelado os partidos que suportam o Governo a “emendarem a mão”, depois de terem concordado as alterações propostas pelo PS. “Por calculismo ou por falta de visão já se perderam mais de três meses”, afirmou, acrescentando não ser “eticamente aceitável continuar a empurrar o processo indemnizatório com a barriga, principalmente depois de conhecido este relatório e a clareza da sua responsabilização à atuação dos agentes do Estado”.
Ministra da Administração Interna demonstra “atitude indecorosa”
Carlos Abreu Amorim acusou a ministra da Administração Interna de ter exibido “uma atitude tão indecorosa” no Parlamento. Em causa está o facto de ministra, Governo e partidos que o suportam insistirem em “não enfrentar a verdadeira questão: o Estado falhou”. Criticou, assim, Constança Urbano de Sousa que “ou não leu o relatório” ou não manifesta preocupação com o respetivo conteúdo. “Está constantemente a falar ao lado do verdadeiro problema: o sistema de prevenção e combate aos incêndios, ao contrário do que ministra e secretário de Estado asseguraram antes da época de fogos, não estava preparado”, insistiu.
“Peçam desculpa pelo péssimo serviço que prestaram ao País”
O deputado referiu-se, ainda, às “mudanças de mais de dois terços nos comandos da Proteção Civil [que] acabaram por fazer derruir o sistema”. Denunciou a inexistência de liderança e de coordenação para, logo, esclarecer: “nem sequer há a humildade democrática de assumir minimamente as responsabilidades políticas que são as que se seguem às técnicas e, hoje, são inegáveis”. Carlos Abreu Amorim foi explícito ao acusar PS e partidos de extrema-esquerda de “tentarem ignorar o relatório”.
“Assuma sra. ministra, assuma sr. primeiro-ministro. De uma vez por todas encerrem esta questão com dignidade”, desafiou uma vez mais. “Se não têm gabarito político para assumir as responsabilidades, pelo menos peçam desculpa às vítimas de Pedrógão e a todos os portugueses pelo péssimo serviço que prestaram ao País”, disse.