Rui Rio: Sá Carneiro tinha “coragem, frontalidade, convicção e um enorme rigor”

4 de dezembro de 2018
PSD

Rui Rio afirma que atualmente os líderes partidários são como “uma espécie de diretor comercial” que são substituídos quando “não conseguem vender o produto com sucesso”. No Porto, esta segunda-feira, numa conferência evocativa do 38.º aniversário da morte de Sá Carneiro, intitulada “Princípios e valores de Sá Carneiro no séc. XXI”, Rui Rio comparou ainda a política a um namoro em que se promete uma coisa, mas “sai outra completamente diferente” depois de casados. “Por força daquele que é o andamento da sociedade, o líder partidário é como uma espécie de diretor comercial. Consegue vender o produto com sucesso e está bem não consegue e temos que trocar por um outro diretor comercial”, afirmou o Presidente do PSD.

Salientando a importância dos partidos e dos políticos frontais, de “dizerem ao que vêm”, o líder social-democrata comparou a política dos dias de hoje a um namoro: “Hoje, na política namora-se o eleitorado de uma dada maneira e, depois, quando casamos com o povo, ele divorcia-se de nós porque estava a contar com uma coisa e depois sai outra completamente diferente".

Num discurso pautado por elogios ao ex-primeiro-ministro Sá Carneiro, que Rui Rio considerou ter “uma enorme coragem, frontalidade, convicção e um enorme rigor”, o Presidente do PSD fez outra comparação. “Ouço por vezes dizer que isto da forma que está só lá ia com dez Salazares. Pois eu digo, cinco Sá Carneiros e nós resolvíamos isto, não eram precisos dez Salazares”, disse.
 

Francisco Pinto Balsemão: são necessárias “reformas urgentes, profundas e duradouras”

Orador-convidado da mesma sessão, o ex-primeiro-ministro Francisco Pinto Balsemão considerou que os partidos têm de “atualizar-se, mostrar que não existem para servir clientelas, ser capazes de atrair não apenas os abstencionistas em geral, mas, dentro destes, gente mais nova, que tome paulatinamente as rédeas do poder e demonstre que está na política para lutar pelos valores essenciais da democracia”.

Francisco Pinto Balsemão defende que é “preciso, antes do mais, rever a lei para a Assembleia da República, o que já devia ter sido feito há muito tempo”, e embora os estudos estejam feitos os critérios principais estejam definidos, “não se avança” nessa reforma.

O militante n.º 1 do PSD defendeu também o caminho dos pactos de regime, observando que Rui Rio também o defende. “Como vem insistindo sem resposta Rui Rio, os partidos têm de aceitar a necessidade urgente de pactos de regime acerca das principais áreas da governação. Grandes, urgentes, profundas e duradouras reformas na Justiça, na Educação, na Saúde, na Administração Pública, sob a égide e corresponsabilização do Presidente da República”, apontou.
 

Amândio de Azevedo: a “firmeza das convicções” de Sá Carneiro

O antigo vice-Presidente e ex-secretário-geral do PSD enalteceu as qualidades principais de Sá Carneiro. “Sá Carneiro foi um também um político de convicções, alicerçado numa sólida cultura. Ao contrário do que alguns seus inimigos e adversários afirmavam, a firmeza das suas convicções era acompanhada de um real e efetivo respeito por quem tivesse convicções diferentes ou até contrárias e de uma grande disponibilidade para o diálogo e o compromisso dentro do espaço e do tempo em que são possíveis e fecundos”.
 

Pacheco Pereira: “Temos de reconstruir o elevador social”

José Pacheco Pereira apontou os três pilares genéticos do PSD, que nortearam o pensamento e a vida de Sá Carneiro: a social-democracia, o personalismo e o liberalismo. O historiador referiu-se ainda ao papel da classe média, que deu o salto social nas últimas quatro décadas. “O que aconteceu nestes anos de democracia foi retirar um número muito significativo de pessoas e trazê-las da pobreza para a classe média. (…) Esta passagem foi feita essencialmente pelo Estado, pelo Serviço Nacional Saúde, através da educação universal gratuita e do funcionamento das autarquias”, explicou.

Pacheco Pereira considera que estes avanços têm sido postos em causa. “A crise no interior da classe média, e não tanto dos mais pobres”, tem potenciado o descontentamento social e contribuído para o agravamento dos populismos. “Temos de construir o que foi destruído nos anos de ajustamento: o elevador social. Garantir que as pessoas não estão sujeitas uma pobreza assistida, mas que podem de novo começar a ter esperança (…) e abandonar a pobreza numa geração”, disse.
 

Margarida Balseiro Lopes: “Governo escolhe deliberadamente a degradação dos serviços públicos”

A Presidente da JSD recordou as palavras de Sá Carneiro, proferidas em 1978, sobre a igualdade de oportunidades. “Continuam atuais as palavras de Sá Carneiro quando afirmava que a igualdade de oportunidades (…) Onde tudo se degrada a um ritmo alucinante. Também hoje isto se verifica quando o atual Governo escolhe deliberadamente a degradação dos serviços públicos”, afirmou.

Margarida Balseiro Lopes lamenta que Portugal se afaste dos países mais desenvolvidos da Europa. A líder da JSD acredita que “há muitas páginas de História do País que o PSD ainda vai escrever”.