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No primeiro debate quinzenal enquanto líder parlamentar, Fernando Negrão destacou que o GPPSD fará uma oposição firme e responsável, tendo como preocupação o interesse nacional. Reforçou que o PSD é contra a entrada de capital da SCML no Montepio, já que se trata de “uma operação de grande risco”
“É para trabalhar em nome do interesse nacional, foi para isso que fomos eleitos, que aqui estamos”, disse esta quarta-feira Fernando Negrão naquele que foi o seu primeiro debate quinzenal enquanto líder da bancada social-democrata. O presidente do Grupo Parlamentar do PSD (GPPSD) cumprimentava, assim, todas as bancadas, incluindo “o Bloco de Esquerda, apesar de ter dito que não queria nada com o PSD”, assinalou, salientando a “profunda cultura democrática” de que são dotados os deputados social-democratas.
Destacando que lidera “uma bancada de oposição”, garantiu que essa mesma oposição será exercida “de forma responsável, construtiva, mas firme”, tendo como linha orientadora o interesse nacional. É, aliás, em prol do interesse do País que a bancada do PSD manifesta disponibilidade para “dialogar e chegar a acordo” no que respeita a “grandes questões de interesse nacional e de regime”. Referiu-se, contudo, à “atitude de firmeza” que se exige em relação à governação, já que o PSD “não abdica de representar os portugueses que não se reveem neste Governo”.
SCML no Montepio: Entrada de capital é “uma operação de grande risco”
Fernando Negrão levou ao debate quinzenal a questão da entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) no capital do Montepio. Garantiu que a posição social-democrata “é muito clara: somos contra, em qualquer circunstância”. Lembrou que “o próprio líder do PSD já o disse, claramente”. Justificou esta posição com o facto de “o dinheiro dos pobres e das obras sociais não dever ter por destino os bancos”. Trata-se, segundo argumentou, de “uma questão de princípio para nós”.
A entrada de capital no Montepio é considerada “uma operação de grande risco”, alertou o presidente da bancada, pelo que garantiu: “se houver o mínimo sinal de que esta operação não acautela os interesses financeiros da SCML, o grupo parlamentar está disposto a usar todos os instrumentos parlamentares à sua disposição para fiscalizar e para investigar até às últimas consequências”.
Fernando Negrão quis, assim, questionar o Executivo sobre se a decisão está tomada, que valor acarreta e em que condições poderá acontecer. Lembrando que “o ministro da área já falou na construção de um banco de Economia Social” e que a SCML já “indicou alguém para a representar na administração do Montepio”, insistiu: “tudo o que envolva banca é sempre de alto risco que não deve ser assumido pelas entidades sociais, mas por entidades privadas que têm o dever e a obrigação de assumir esses riscos”.
O líder parlamentar aproveitou para assinalar que “o passado não aconselha operações com risco desta natureza”. E dirigiu uma crítica: “o que me espanta é ver um governo de esquerda a tomar uma decisão destas, para mais com o silêncio do PCP e BE”. Foi mais ainda mais longe: “isto faz-me lembrar o Robin dos Bosques, mas ao contrário: é tirar dinheiro dos pobres para pôr nos bancos”.
Desafiou, assim, o Governo a pronunciar-se sobre o motivo pelo qual entidades como a Caixa de Crédito Agrícola não aceitaram fazer parte do capital do Montepio Geral. “Porque é que mais nenhuma misericórdia acompanhou a Santa Casa? Qual a razão de não ter aparecido nenhum investidor privado?”. “Isto diz tudo sobre o risco desta operação”, concluiu Fernando Negrão, salientando tratar-se de dinheiro da ação social.